domingo, 5 de dezembro de 2010
Orquídea da Cidade...
O orquidófilo Glauco Batalha apresenta:
ORQUÍDEA DA CIDADE
Cattleya Harrisoniana
Entre os dias 31 de dezembro e 1º de janeiro de 2010 caiu uma forte chuva em Guararema. Uma das consequências do aguaceiro foi a interdição parcial da Rua João Barbosa Oliveira, especificamente na altura do Morro Branco, logo após a foz do Córrego Ipiranga.
Por força dessa interdição parte dos moradores da região precisou fazer um pequeno trajeto a pé ( pela rua João Ramos, hoje asfaltada), para se dirigir ao centro da cidade. E foi justamente em decorrência desses fatos que encontrei a Orquídea da Cidade, classificada como Cattleya Harrisoniana.
Antes de entrar na ficha técnica da planta, cumpre uma observação de caráter geográfico.
Cattleya Harrisoniana e Cattleya Loddigesii são plantas muito semelhantes com flores quase idênticas, tanto que até algumas décadas atrás a Harrisoniana era considerada variedade da Loddigesii. A primeira vista é fácil confundi-las.
O critério mais usual para distingui-las é a época da florada. O Inverno é época da florada da Loddigessi. Inclusive, também, há fotos da Loddigessi nesse site. E o Verão é a temporada da Harrisoniana.
Enfim, a característica marcante, que nos fez abrir esse parêntese, é que a Loddigessi é nativa da bacia do Tietê e a Harrisoniana, claro, da bacia do Paraíba do Sul.
Isso nos faz lembrar aquele conceito de captura fluvial, na qual nos ensinam os geógrafos que há um ponto em que um rio intercepta outro, essencialmente devido à sua forte erosão regressiva e ao seu declive acentuado. A erosão regressiva produz-se quando em qualquer secção do percurso longitudinal de um rio ocorre uma alteração do perfil de equilíbrio. Esta alteração pode ser devida a um aumento do caudal por razões climática ou um aumento da inclinação do leito devido a fenômenos tectônicos. Esta última razão é a que deve ter individualizado os Rios Tietê e Paraíba do Sul¹ .
Minha suposição é a de que essa movimentação geográfica isolou a população original em duas bacias hidrográficas distintas. O rebaixamento da bacia do Paraíba do Sul produziu uma mutação na respectiva população, a qual passou a florir no Verão.
Sobre a planta, propriamente dita, temos que as primeiras foram levadas para Liverpool, do Brasil pelo Sr. Harrison, que enviou para Bateman que enviou para Lindley, que descreveu a planta. Dois anos depois Bateman republicou a concepção, mas com o nome de C. Harrisoniana.
A C. Harrisoniana, é uma espécie brasileira que tem como habitat a região que vai da Serra do Japi, em São Paulo, seguindo pela parte baixa da Serra da Mantiqueira, mangues de quase toda a Baixada Fluminense até o litoral norte do Espírito Santo e altitudes entre 400 a 800 metros.
Descrição: A planta é bifoliada, com pseudobulbos de aproximadamente 25 a 30 cm de comprimento em média, as flores são emitidas no ápice do pseudobulbo protegidos por uma bráctea. Normalmente a floração é composta de 2 a 6 flores por haste floral de aproximadamente 8 a 10 cm de diâmetro, a flor tipo tem a cor rósea com o labelo amarelado.
E por que da cidade? Ora, ela está a pouco mais de 50 metros do “Pau-d´alho”...
¹Depois de uma série de alterações ocorridas ao longo da história do rio, a cabeceira ou nascente acabará por alcançar o ponto mais alto do interflúvio que serve de charneira a duas vertentes, uma para cada lado, e assim, devido ao recuo da cabeceira, interceptar outro rio, capturando-lhe a água e juntando assim ao seu traçado todo o troço situado a montante do curso interceptado. Diz-se que ocorreu captura. O troço a jusante do rio captado constitui um vale abandonado. Ver
http://www.infopedia.pt/$captura-fluvial
Texto de Glauco Batalha, orquidófilo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário