sexta-feira, 22 de julho de 2016

Semeando felicidade, colhendo Felicidade! um preâmbulo para a sustentabilidade. Por Paulo Nobre, cientista brasileiro.

Semeando felicidade, colhendo Felicidade!
um preâmbulo para a sustentabilidade.
Texto baseado em conversa inspiradora do 2o Encontro pela Sustentabilidade, Casa do Marquês, Piracicaba, em 14 de abril de 2016.

Existem coisas que somente podemos alcançar em conjunto. Sustentabilidade é uma delas, que nos leva a pensar em longevidade e esta, em saúde e paz, em felicidade.


Antigas civilizações atravessaram maiores e menores desafios, penúrias e sofrimentos, guerras e fome... mas também períodos de paz e de crescimento material e espiritual. As crises e avanços de nossos antepassados tinham início, meio e fim neles mesmos, sem contudo ameaçar o destino de civilizações futuras...
As mudanças climáticas globais, as inequidades sociais, a grande crise ambiental global representam grandes desafios, dentre os maiores já enfrentados pela humanidade. Diferentemente de crises pretéritas, contudo, estas ameaçam a existência da presente e futuras gerações. Em resumo, representam manifestações da crise civilizatória global que vivemos.
Mas se buscamos as causas das inequidades sociais globais e das mudanças climáticas, então devemos iniciar a procura no âmago de cada um de nós; no seio da sociedade, marcada pela absoluta falta de amor em suas relações de produção e trabalho. Uma sociedade, o conjunto de todos nós, que diligentemente constrói um futuro que não deseja.
Demos um passo atrás e olhemos o conjunto da obra de nossas vidas e daquelas de nossos antepassados; também imaginemos o resumo das obras daqueles que ainda virão. E então perguntemos:
Qual o propósito de nosso existir?
Busquemos uma resposta não trivial. Observemos a natureza ao nosso redor. Na ausência da atuação humana o ambiente natural irradia pujança e harmonia em seus muitos ciclos. As cadeias alimentares se interligam e, através de processos de competição-cooperação as espécies se aprimoram em evolução contínua.
Há, na evolução, um propósito.
Voltemos então nosso olhar para a espécie humana. Dotada de capacidade notável de raciocínio, esta cresceu e desenvolveu artefatos incríveis, conquanto bastante rudimentares quando comparados à “tecnologia” dos processos naturais; do voar de um inseto aos elaboradíssimos processos de fotossíntese numa folha; das marés à atividade celular em nossos organismos; para não citar a extraordinária viagem cósmica do conjunto de planetas em torno do Sol em sua trajetória pela Via Láctea... e desta pelo Cosmos!
Agora retornemos a este auditório em Piracicaba, preocupados que estamos com a sustentabilidade de nossas ações, de nossa sociedade. E novamente enunciamos o que nos motiva para a ação: sustentabilidade para a longevidade, para a saúde e a paz, a felicidade.
De maneira a encontrarmos alguma forma que conduza à almejada paz e à felicidade, que individualmente buscamos mas que no conjunto da sociedade mais e mais nos distanciamos; voltemos nosso olhar ao propósito das coisas.
A Natureza conta com métodos eficazes para dar “propósito” para elementos que por uma razão ou por outra se tornaram “sem propósito”: se tornam o antepasto de outras espécies de plantas ou animais; o que lhes dá propósito!
Na Natureza, nada há sem propósito ou função.
Para pensarmos no propósito da participação humana no ecossistema terrestre, precisamos antes compreender o que somos, no que nos especializamos. Genomicamente, nos diferenciamos de um animal de desenvolvimento superior, como o chipanzé, em não mais de um por cento! Nossa diferença fundamental para todos os demais seres na Terra não reside no corpo, mas no espírito.
A condição humana se dá pela natureza do espírito encarnado.
Esta espiritualidade humana, referida desde há muito em filosofias orientais e ocidentais, dá sentido e propósito ao nosso convívio no grande tear ecossistêmico da Terra através do enobrecimento de tudo que empreendemos. Enobrecer significa contribuir com nossas escolhas para a saúde e a felicidade de tudo e de todos que nos cercam; numa palavra: AMOR.
Amor em todas as manifestações de nossas vidas individuais e em sociedade – que nos leva a honrar a nossa ancestralidade pretérita e futura – no que atuamos.
Trago aqui um exemplo de ação extraordinariamente simples e ao mesmo tempo de grande significado para a sustentabilidadefelicidade. Concebida pela ONG Guaranature em Guararema, SP, cápsulas de argila com três sementes de flores (figura ) são distribuídas aos muitos ciclistas e andarilhos que visitam o município semanalmente. A estes, é solicitado que lancem as cápsulas de argila-sementes ao longo de seus caminhos e trilhas. Como resultado desta ação solidária, individual e plural, com o tempo o município estará coberto por flores, que atraem libélulas, que se alimentam das larvas de mosquitos... transmissores da dengue.


Assim, a ação conjunta de alguns se torna a de muitos, que perpassadas pelo impulso alegre de ajudar formam células vivas de saúde e felicidade em nossa combalida humanidade.
Semeando felicidade, colhendo Felicidade!
Paulo Nobre
24 de abril de 2016

Um comentário:

  1. Muito bom Prof. Paulo. Parabéns! Estou em Guararema e vou atras desta novidade . Obrigada pelas maravilhosas idéias aqui externadas.Sonia M M Vieira do TSU do IPCC setor Resíduos

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